Aproximadamente metade dos homens que utilizaram a vigilância ativa para tratamento do câncer de próstata de “baixo risco” migraram para o tratamento definitivo – seja a cirurgia ou radioterapia – alguns anos após o diagnóstico, conforme estudo publicado no reconhecido Journal of Urology.
“De acordo com os achados deste estudo populacional, enquanto o número de pacientes iniciando a vigilância ativa vêm aumentando significativamente com o passar dos anos, o seguimento destes pacientes mostra uma relativa elevada taxa de transição para outras formas de tratamento nos últimos 5 anos”, comenta o principal autor do estudo, Dr. Antonio Finelli, Chefe do Serviço de Urologia no Princess Margaret Cancer Center – Toronto, Canadá.
O estudo fornece nova evidência para quanto tempo os pacientes conseguem permanecer em vigilância ativa, assim como outros fatores que afetam a probabilidade de buscarem tratamento definitivo (curativo).
Pesquisadores analisaram 8.541 homens com câncer de próstata de baixo risco que foram inicialmente manejados com vigilância ativa (idade média de 64 anos).
A vigilância ativa monitora os tumores de crescimento lento, baixo risco ou câncer de próstata localizado ao invés de realizar o tratamento curativo de forma imediata.
Normalmente esta modalidade de tratamento envolve dosagens regulares de antígeno prostático específico (PSA), exames de toque retal, estudos de imagens (notadamente a ressonância nuclear magnética multiparamétrica) e biópsias repetidas de maneira a cuidadosamente monitorar o crescimento do tumor ou a sua progressão histológica – sem comprometer os desfechos de longo prazo.
O principal objetivo da vigilância ativa é evitar ou retardar tratamentos desnecessários ou desfechos secundários indesejados.
“Infelizmente, apesar do fato da maioria dos pacientes com câncer de próstata de baixo grau serem manejados em ambiente comunitário, há grande limitação de dados reais sobre as taxas de descontinuidade dos pacientes em vigilância ativa fora dos grupos acompanhados em instituições acadêmicas”, afirmam os autores do estudo.
Foram usados dados de saúde da população em geral para avaliar as tendências de escolha e desistência da vigilância ativa. De forma geral, a vigilância ativa foi a estratégia inicial de tratamento para 51% dos homens com diagnóstico de câncer de próstata de baixo risco. A escolha por vigilância ativa aumentou de 38% para 69% dos pacientes entre 2008 e 2014.
Entretanto, aproximadamente 4 anos após o diagnóstico de câncer de próstata, 51% dos homens descontinuaram a vigilância ativa e partiram para o tratamento definitivo do câncer de próstata – incluindo cirurgia, radioterapia ou hormonioterapia – principalmente devido a sinais de progressão tumoral. O percentual de homens remanescentes em vigilância ativa decresceu de 85% no ano 1 para 52% no ano 5.
O tempo médio para o tratamento definitivo foi de 16 meses. Os pesquisadores enfatizam que 49% dos homens continuam em vigilância ativa, mantendo qualidade de vida sem progressão da doença.
Os pesquisadores também identificaram os fatores associados com a transição de vigilância ativa para tratamento definitivo. A transição foi mais provável de acontecer em pacientes jovens e em aqueles com certas características de tumores de alto grau, seja elevado PSA ou número de fragmentos positivos nas biópsias.
A transição para o tratamento do câncer de próstata definitivo também foi mais comum de ocorrer em pacientes que receberam acompanhamento médico mais intenso e aqueles tratados em centros médicos acadêmicos – ou em hospitais que tratam elevados números de casos de câncer. Pacientes tratados por urologistas, mais do que tratados por oncologistas, tiveram maior probabilidade de permanecerem em vigilância ativa.
Os pesquisadores acreditam que seus achados têm importantes implicações para o manejo do câncer de baixo risco, incluindo o aconselhamento dos pacientes e o fornecimento de expectativas realistas para homens que estão considerando as suas opções terapêuticas.
“Práticas atuais podem ser melhoradas pelo desenvolvimento de indicadores de qualidade, educação continuada específica para médicos e educação dos pacientes com adoção de decisões compartilhadas no início da vigilância ativa”, comenta Finelli.
Para maiores informações sobre tratamento do câncer de próstata e outros assuntos relacionados, acesse nosso blog e entre em contato com o Dr. João Pedro Bueno Telles, urologista que realiza atendimento em Porto Alegre.
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