Cada vez mais, temos um maior número de homens se preocupando – corretamente – com a possibilidade de desenvolver câncer de próstata.
Campanhas como o Novembro Azul, associadas à movimentação de sociedades médicas, têm esclarecido sobre a importância do diagnóstico precoce para que se obtenha elevados níveis de cura através das diversas formas de terapia.
Entretanto, o crescimento benigno da próstata (também chamado de próstata aumentada ou, tecnicamente, de hiperplasia benigna da próstata – HPB) não recebe o mesmo nível de preocupação dos homens – embora vá atingir um número muitas vezes maior de pessoas do que o câncer de próstata.
Neste artigo, você vai descobrir quais são as causas e como diminuir a próstata aumentada. Confira!
A principal razão para termos esse crescimento benigno da próstata (glândula situada logo abaixo da bexiga e responsável, junto com as vesículas seminais, pela formação de mais de 90% do sêmen) é o envelhecimento.
A partir dos 40 anos, independentemente de raça, começa a haver o crescimento benigno da glândula. Este aumento irá ocasionar uma “compressão” sobre a primeira porção da uretra (canal por onde a urina sai da bexiga e que vai até a ponta do pênis), passando a gerar os chamados sintomas do trato urinário inferior.
É importante ressaltar que não serão todos os homens com próstata aumentada que terão sintomas do trato urinário inferior. Mas, naqueles em que isso acontece, há uma progressiva piora na qualidade de vida.
Queixas como hesitação (demora em iniciar o jato urinário), jato miccional fraco, aumento da frequência urinária, jato miccional intermitente, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, gotejamento após finalizar a micção e noctúria (levantar à noite para urinar) são as que mais comumente se apresentam no início – e não necessariamente todas se fazem presentes juntas.
Já queixas como urgência miccional (desejo urinário permanente e incontrolável) e incontinência (perda de urina, normalmente precedida de urgência miccional) são situações mais tardias e que já demonstram algum problema mais sério na bexiga. A seguir, veremos a relação entre tratar a hiperplasia prostática e a preservação da bexiga.
Mas, se a próstata aumentada acontece devido à proliferação benigna do tecido prostático (ou seja, não iremos morrer deste problema – diferentemente do risco que existe com o câncer), por que tratar?
Iremos tratar a próstata aumentada porque ela causa, no longo prazo, problemas bastante sérios para a sua “vizinha” de andar superior: a bexiga. É pensando na “vida útil” deste órgão que as opções de tratamento foram desenvolvidas, visando corrigir o crescimento – ou seja, buscando diminuir o tamanho da próstata.
Como trata-se de um problema mecânico, em que ocorre uma obstrução do canal (uretra) a partir do crescimento do tecido, as soluções definitivas para diminuir a próstata aumentada envolvem a desobstrução mecânica. E estas são cirúrgicas!
As opções de tratamento medicamentoso com o intuito de diminuir o volume da próstata não serão discutidas neste texto por não terem a mesma eficácia na obtenção deste objetivo.
A forma de tratamento cirúrgico para a próstata aumentada depende, principalmente, da familiaridade do cirurgião com os mais diferentes métodos reservados para esse fim.
Quanto mais casos o cirurgião realiza com determinada técnica, melhores serão os resultados obtidos. Entretanto, há um segundo fator muito importante: o tamanho da glândula no momento do tratamento.
Em próstatas aumentadas de 75 a 80 gramas, a maioria dos cirurgiões irá optar por métodos pouco invasivos, tais como: ablação da próstata com laser verde (Green Light Laser), ressecção transuretral da próstata (RTU mono ou bipolar), ablação transuretral com agulhas e termoterapia transuretral com micro-ondas.
Já em próstatas acima desse tamanho, realiza-se, preferencialmente, a prostatectomia aberta (transvesical ou pela técnica de Millin), a prostatectomia laparoscópica assistida por robô ou a enucleação da próstata com laser holmium (HoLEP).
Cabe frisar que cirurgiões com maior familiaridade de técnicas pouco invasivas, como RTU bipolar e ablação da próstata com laser verde (Green Light Laser) conseguem tratar próstatas acima dos 80 gramas com ótimos resultados.
Além desses métodos, existem outras formas de terapias que ainda se encontram em um nível de acreditação científica, ou seja, ainda carecem de melhores evidências. Entre estas, podemos citar a embolização das artérias prostáticas e o Aquablation (onde a desobstrução da uretra acontece a partir da ablação por jato de água sob alta pressão).
Pois bem, agora sabemos quais são as opções terapêuticas. Mas quando está indicado o tratamento? Bem, esta questão não tem uma resposta objetiva na maioria dos casos.
Exceto em situações em que a obstrução causada pela próstata é evidente e já temos complicações na bexiga (por exemplo, presença de cálculos no interior da bexiga, infecções urinárias com maior frequência, urgência associada à incontinência), nos demais casos temos que levar em consideração o quanto os sintomas do trato urinário inferior atrapalham a qualidade de vida do paciente.
Existem questionários validados que transformam a subjetividade das queixas em um dado objetivo, em um número (por exemplo, o Escore Internacional de Sintomas Prostáticos – IPSS).
Também existe um exame muito elucidativo, chamado de Estudo Urodinâmico – ou Avaliação Urodinâmica. Trata-se de um exame complementar que permite avaliar todas as fases do funcionamento da bexiga (quase uma “telemetria” do órgão).
Com estas opções, o urologista consegue ter maiores informações e, a partir de uma decisão compartilhada com o paciente, indica uma das três alternativas: não realizar nenhum tratamento; iniciar com tratamento medicamentoso buscando melhorar os sintomas miccionais; ou indicar uma das formas de desobstrução mecânica visando retirar tecido obstrutivo e diminuir a próstata aumentada.
Esperamos ter auxiliado na compreensão do que é e de como diminuir a próstata aumentada. Mas o recado final é: procure um urologista. Converse com ele e fale sobre as suas queixas miccionais.
Para mais informações, entre em contato com o Dr. João Pedro Bueno Telles, urologista que realiza atendimento em Porto Alegre. Marque sua consulta e preserve a vida útil da sua bexiga!