No mês onde celebramos o Outubro Rosa – campanha mundial que busca alertar a sociedade sobre o diagnóstico precoce do câncer de mama – iremos falar das relações que existem entre esta doença e a neoplasia maligna da próstata.
Aproveitando a chegada do Outubro Rosa e Novembro Azul, é preciso entender e conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce.
Acompanhe este artigo e saiba mais sobre o câncer de próstata e de mama e a relação entre essas duas doenças.
Muito provavelmente você já deve ter ouvido falar da atriz Angelina Jolie, que esteve casada por vários anos com o astro de cinema Brad Pitt.
Mas você sabia que a atriz, em 2013, resolveu se submeter à retirada completa de ambas as mamas (mesmo sem ter tido o diagnóstico da doença) após ter testado positivo para a mutação em um dos principais genes relacionados ao câncer de mama?
O caso de Angelina Jolie pode ser considerado como índex na discussão sobre como as alterações genéticas podem influenciar nas decisões clínicas dos médicos e pacientes. O gene com mutação, no caso de Angelina, é o BRCA1.
Mulheres com este gene alterado apresentam um risco de 45 a 90% maior de desenvolver câncer de mama do que as demais mulheres.
No caso da atriz, havia outro importante fator de risco que contribuiu para que ela realizasse a mastectomia preventiva (retirada das mamas sem ter o diagnóstico de câncer): uma história familiar positiva.
A sua mãe havia morrido de câncer de mama. A sua tia materna já possuía a doença e veio a morrer duas semanas após a atriz ter anunciado a sua cirurgia preventiva. Além do BRCA1, sabemos que também há forte correlação do câncer de mama com outro gene, o BRCA2.
Mas onde está a relação entre câncer de mama e câncer de próstata? Existe correlação familiar apenas dentro da doença, ou seja, apenas pessoas com familiares apresentando a neoplasia maligna da próstata têm risco aumentado para desenvolver o câncer ao longo da vida?
Vamos falar um pouco mais sobre estes aspectos.
Podemos dizer que a parcela de risco relacionada à hereditariedade (e história familiar), para o desenvolvimento do câncer de próstata é de 40% a 50%.
Recentemente, uma pesquisa realizada pela American Cancer Society encontrou uma forte ligação entre o câncer de mama e de próstata.
O estudo apontou que mulheres com parentes do sexo masculino que tiveram câncer de próstata podem desenvolver mais facilmente o câncer de mama. Da mesma forma, os homens que têm parentes do sexo feminino que tiveram câncer de mama também apresentam risco aumentado para desenvolver o câncer de próstata.
Ainda, segundo a mesma pesquisa, o histórico de câncer de próstata aumenta em 14% o risco de desenvolver câncer de mama em mulheres que possuem parentes de primeiro grau. Já nas que apresentaram tanto o câncer de mama quanto o de próstata o risco aumenta para 78%.
O oposto também acontece. Homens com parentes de primeiro grau com câncer de mama também apresentam maior risco de ter o câncer de próstata.
Câncer de próstata familiar é um termo amplo que engloba de 15% a 20% dos casos da doença e que incluem pacientes com história familiar fortemente positiva mas sem mutações genéticas identificáveis. Ter um parente com histórico de câncer de próstata aumenta de 2 a 4 vezes o risco de apresentar a doença ao longo da vida.
Uma série de genes estão relacionados com a hereditariedade no câncer de próstata. A maioria destes têm papel importante no que podemos chamar de “equipamento de reparo dos danos de DNA”. Pois entre estes genes estão, exatamente, os relacionados com o câncer de mama (e também de ovário): BRCA1 e BRCA2.
Estas descobertas, de que também as mutações nestes dois genes estão associadas com um aumento significativo no câncer de próstata, são mais recentes. Homens com alterações
patogênicas no BRCA2 normalmente apresentam a doença em idade mais precoce, tumores mais agressivos e uma sobrevida média menor do que homens com câncer de próstata considerados esporádicos.
Vamos a alguns números para dar uma ideia melhor do que estamos falando. Para homens com idade inferior a 65 anos, os portadores de mutação em BRCA1 possuem risco de 1.8 vezes maior para terem câncer de próstata.
Para os que apresentam a mutação de BRCA2 há um aumento de risco de 4.5 vezes para desenvolverem a doença quando comparados com homens não portadores. Quando analisamos os homens em todas as idades, o risco de apresentarem câncer de próstata e terem mutação no BRCA2 é de 8.6 vezes maior que os homens não portadores.
Apesar dos números acima, que mostram riscos que vão de 1.8 vezes a 8.6 vezes maiores para desenvolver câncer de próstata – em relação aos genes BRCA1 e BRCA2 -, não existe nenhuma indicação para a retirada da próstata de forma preventiva.
Além de termos outros fatores influenciando na gênese da doença, que podem não ocorrer, é preciso levar em consideração os riscos envolvidos em cada cirurgia: prostatectomia radical versus mastectomia preventiva.
Na mastectomia preventiva se retira totalmente a glândula mamária, bilateralmente, e se coloca uma prótese de silicone para garantir um bom resultado estético para a paciente.
Riscos, embora presentes (como sangramento, hematoma e infecção), são mínimos e contornáveis.
Entretanto, na prostatectomia radical, além dos riscos inerentes a um procedimento cirúrgico de média complexidade, sabemos que dois problemas coexistem fortemente com a cirurgia: diminuição – ou perda – da capacidade erétil e da capacidade de controle miccional (gerando incontinência urinária).
Sendo assim, fica difícil propor uma prostatectomia radical preventiva quando temos um quadro incerto na proteção mas de quase certeza de dano ao paciente – decorrente do ato cirúrgico em si.
Por fim, há que se ressaltar que existem ótimas alternativas para o tratamento das eventuais perdas (parciais ou totais) da capacidade erétil e de controle miccional.
Para maiores informações sobre o Câncer de Próstata e as formas de tratamento – inclusive através de Cirurgia Robótica -, acesse nosso blog e entre em contato com o Dr. João Pedro Bueno Telles, urologista que realiza atendimento em Porto Alegre.
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