De acordo com recentes dados norte-americanos, está aumentando a quantidade de homens, cuja idade é igual ou maior que 75 anos, que recebem o diagnóstico de câncer de próstata em seu estágio mais avançado – quando o câncer de próstata é metastático, ou seja, sem condições de cura.
Esta nova descoberta sugere que a recomendação de não mais realizar a dosagem anual de PSA, na forma de rastreamento populacional (screening), outorgada pelo USPSTF – United States Preventive Services Task Force – em 2008, pode estar mudando a forma que o câncer de próstata se apresenta no momento do diagnóstico.
“Esta acontecendo aquilo que a maioria de nós havia previsto, embora de forma mais precoce que imaginávamos”, afirmou o principal pesquisador, Dr. Jim Hu, da Weill Cornell Medicine-New York Presbyterian Hospital. “Havia ocorrido uma diminuição no índice de diagnóstico de metástases no câncer de próstata – além de um menor número de mortes pela doença – após a descoberta do PSA”, completou o Dr. Hu.
Em trabalho publicado na conceituada revista JAMA Oncology, em dezembro de 2016, os pesquisadores identificaram 545.399 homens (com idade igual ou superior a 40 anos) que receberam o diagnóstico de câncer de próstata entre 2004 e 2013. A proporção de homens abaixo dos 75 anos, que receberam o diagnóstico de câncer de próstata metastático, subiu de 2.7% em 2004 para 4% em 2013 (mas sem significado estatístico).
Entretanto, a proporção de homens nessa mesma faixa etária (menores que 75 anos) que se apresentaram com Gleason 7 ou maior (Gleason é uma classificação histológica que indica a agressividade do tumor; quanto mais elevada – em uma escala que vai de 6 a 10 – mais agressivo o tumor) aumentou de 46.3% em 2004 para 56.4% em 2013 – estatisticamente significativo.
De maneira similar, em homens com 75 anos ou mais, houve um significativo aumento, do ponto de vista estatístico, na proporção de metástases à distância: de 6.6% (em 2004) para 12 % (em 2013). “Após o tratamento estatístico desses dados, verificamos que a incidência de metástases à distância – no momento do diagnóstico – diminuiu entre os anos de 2004 e 2011 mas passou a aumentar depois dessa data”, confirmou o Dr. Hu.
Para finalizar, o Dr. Hu previu que “deverá demorar mais alguns anos para que esse aumento na incidência de câncer de próstata metastático, identificado no grupo de homens com mais de 75 anos, passe a ocorrer também no grupo mais jovem”. “Espero que mais estudos sejam produzidos e que, ao corroborarem os resultados atingidos por sua equipe, medidas sejam tomadas para que não venham a ocorrer cada vez mais casos de câncer de próstata metastático – onde não há possibilidade de cura”.