O que é Câncer de Próstata?

O Câncer de Próstata é a neoplasia mais freqüente do homem, sendo bastante raro antes dos 45-50 anos de idade. Entretanto, com o passar dos anos, maiores são as chances de diagnosticarmos uma neoplasia prostática. Aproximadamente 60% dos homens acima de 80 anos de idade apresentam neoplasia quando a próstata é analisada histologicamente. Entretanto muitos desses pacientes apresentam tumor indolente, com progressão muito lenta. Por outro lado, quando o tumor surge em pacientes mais jovens existe a tendência de ser mais agressivo.

No passado, o câncer de próstata normalmente era diagnosticado quando a doença já estava disseminada e as opções terapêuticas eram limitadas. Atualmente, com a possibilidade de diagnóstico em estágios mais precoces, várias formas de tratamento podem ser aplicadas e as taxas de cura são bastante altas. Mesmo em casos de doença metastática ou recorrente, existem terapias que comprovadamente aumentam a sobrevida e melhoram a qualidade de vida.

Sintomas

No inicio, o câncer de próstata não gera sintomas. Muitos pacientes confundem hiperplasia prostática benigna (aumento da próstata) que leva a um aumento da próstata com obstrução da saída de urina, com câncer de próstata. Os casos de câncer de próstata que apresentam sintomas são casos avançados quando o tumor cresceu a ponto de obstruir a uretra ou gerar metástases em outras áreas do corpo, como os ossos ou pulmão.

Patologia

O surgimento do câncer de próstata ocorre devido à alteração no funcionamento celular. A célula cancerígena passa a ter um comportamento anormal, entrando em um processo de proliferação descontrolado. Quanto mais intensa for sua alteração, mais rápido será o crescimento do tumor e maior será a sua malignidade. Os tumores de próstata são graduados de acordo com sua diferenciação em uma escala que varia de 6 – 10. Quanto maior o escore, mais agressivo será o tumor. Essa escala recebe o nome do autor que criou essa classificação – Gleason.

Em 2014, em reunião realizada em Chicago, a Sociedade Internacional de Patologia Urológica (ISUP) identificou a necessidade de atualizar o sistema de graduação de Gleason para a prática contemporânea. Foi proposto um novo agrupamento prognóstico em 5 grupos (ISUP 1 a 5), de acordo com a contagem final de Gleason. Esta transição nos laudos de exames anátomo-patológicos da antiga escala de Gleason para a nova proposta da ISUP busca também facilitar o entendimento dos pacientes, principalmente naqueles que optam pela vigilância ativa como forma de tratamento (ISUP 1).

Diagnóstico

Sabendo que as taxas de cura são altas quando diagnosticado precocemente, e que quando sintomático o tumor pode já ser incurável, cabe ao Urologista recomendar uma avaliacão anual. Nessa consulta o Urologista irá solicitar o exame de PSA (sigla em inglês para antígeno prostático específico) e realizar o exame de palpação digital ou toque retal.

Atualmente recomenda-se iniciar a avaliação aos 40 anos, devendo ser antecipada em pacientes que apresentarem familares de primeiro grau (pai, irmão) com o histórico de câncer de próstata.

Quando o urologista percebe que existe uma alteração suspeita para câncer de próstata, seja através do PSA, seja através do toque retal, o mesmo irá solicitar uma ressonância nuclear magnética da próstata com análise multiparamétrica. Este exame, introduzido mais recentemente no arsenal diagnóstico do câncer de próstata, tem alta capacidade de identificar áreas suspeitas para neoplasias malignas da próstata (clinicamente significativas).

Com isto, a acurácia das biópsias prostáticas aumenta bastante pois o médico que estiver realizando o exame sabe para onde direcionar a agulha (através da chamada fusão cognitiva de imagens). Importante ressaltar que, de forma ainda mais avançada, existe a possibilidade de fusionar as imagens da ressonância magnética da próstata com as imagens da ultrassonografia (que é feita durante a biópsia) através de um moderno programa de computador. O resultado deste processo é o direcionamento computadorizado do local onde a agulha deve ser colocada na realização da biópsia e, com isso, o material extraído é perfeitamente condizente com o da área suspeita.

Tratamento

Dentre as opções de tratamento para o Câncer de próstata localizado (diagnóstico precoce), com intenção curativa, temos:

1- Prostatectomia radical - remoção completa da próstata e vesículas seminais. Essa cirurgia pode ser realizada por via retropúbica aberta (incisão abdominal), laparoscópica (pequenas incisões abdominais), laparoscópica assistida por robô (conhecida, popularmente, como prostatectomia robótica) e por via perineal (incisão na região do períneo).

2 - Radioterapia externa - Utiliza-se radiação externa. Neste método busca-se irradiar a glândula com a dose adequada de radiação para se obter a cura mas com mínimo efeito colateral nos órgãos próximos (reto, bexiga). Para isso, modalidades modernas de radioterapia externa são oferecidas aos pacientes, tais como a IMRT (radioterapia de intensidade modulada) e a IGRT (radioterapia guiada por imagem).

3- Braquiterapia – Também utiliza-se radiação. Entretanto, essa é levada ao órgão (próstata) por meio de pequenas “sementes” radioativas que são implantadas por via perineal. Essas sementes liberam radiação em doses pré-estabelecidas e abrangendo apenas o interior do órgão.

Além dessas opções curativas tradicionais, novos métodos terapêuticos envolvendo congelamento ou destruição por ondas de alta-frequência estão sendo utilizados mas carecem de maiores comprovações. Também é possível a combinação de métodos diferentes em momentos distintos da doença. Por exemplo, após uma cirurgia com intenção curativa, caso o tumor de sinais de recidiva, podemos utilizar a radioterapia externa no controle da doença.

Uma outra opção para o tratamento do paciente com câncer de próstata é a Vigilância Ativa. Sabendo que os efeitos colaterais das formas tradicionais de tratamento podem incluir impotência sexual e incontinência urinária, muitos pacientes optam por acompanhar à evolução de sua doença. Em pacientes selecionados, com tumores de grau histológico favorável (Gleason 6), PSA baixo (<10 ng/mL) e poucos fragmentos comprometidos na biópsia, é factível apenas acompanhar a doença pois alguns desses tumores podem ser indolentes, ou seja, de crescimento lento. Esse grupo de pacientes é considerado de baixo risco para evolução. Entretanto, deve-se realizar exames de PSA, toque retal e biópsia seriados. Havendo sinais de evolução da doença, devemos realizar terapias curativas. Estudos recentes vêm dando embasamento científico cada vez maior para essa opção.

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